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29 de dezembro de 2016

[COLECIONISMO] O lado saudável da Força - Uma observação sobre os fãs e colecionadores de Star Wars


Ao estudarmos um tema, dedicamos um tempo importante das nossas vidas a algo que para nós tem uma importância além do limiar comum. Direcionamos de maneira intensa uma quantidade grande de atenção, nos envolvemos emocionalmente com itens que se tornam símbolos e detentores de grandes significados na nossa vida. Não é raro que um filme desperte emoções, que um personagem inspire a ser mais corajoso, ousado e até mesmo romântico. Existem cenas que nos causam reflexões profundas sobre temas que cotidianamente não são abordados. Pensamentos sobre valores, relações humanas, compreensão de emoções mais complexas, dilemas existenciais e tantas outras possibilidades que um único filme pode despertar nos seus fãs.

Escrever um texto sobre colecionismo baseado nos fãs de Star Wars me coloca em uma situação bastante delicada, já que sou um deles. Mas observar o comportamento e o sentimento de colecionadores de forma mais ampla pode nos ajudar a compreender o nosso comportamento também.




O que é um colecionador?

O colecionador é aquele que quer juntar o maior número de itens possíveis relacionados a um tema específico. Desde figurinhas de futebol, discos, papéis de carta, moedas, filmes, action figures até os itens mais excêntricos. O colecionador desenvolve um vínculo emocional com os objetos que coleciona e esses ganham significados e valores, sejam baseados na estética, importância histórica, raridade, valores intrínsecos e outros parâmetros muito pessoais que motivam cada colecionador.

Não importa a quantidade de objetos que integram a coleção, mas o valor que ela possui para quem coleciona.



Somos integrantes do universo que criamos

Colecionar objetos, se de maneira saudável, pode agregar muitas qualidades positivas para aqueles que se propõem a essa atividade. Não é raro, que quando pequenos, aprendemos o valor de uma figurinha pela sua raridade, a beleza de um gibi pela arte da capa, a importância de um livro pela história que ele possui em nossa família. Começamos a compreender os significados, reconhecer os valores emocionais, apurar nosso senso estético, perceber o quanto podemos ser sutis ou agressivos no trato das negociações e na gana de conseguir mais itens. Se nos distanciarmos um pouquinho e observar de longe todas essas características, vamos notar o quanto isso fala sobre nós.

A pessoa que se propõe a colecionar, geralmente possui dentro de si um senso de organização, mesmo que de maneira informal. Existem aqueles que catalogam seus itens, classificam por datas, artistas, importância e outras variáveis. Existem aqueles que simplesmente colocam por ordem de tamanho, cores, quantidades e outras características mais simples. 

Quando emergimos na coleção, podemos vivenciar de maneira muito particular algumas emoções que parecem ser únicas. A coleção nos dá o “poder” de sermos detentores de um pedaço importante daquele assunto que para nós é tão valioso. Observar um action figure por minutos, ver seus detalhes, imaginar uma cena na qual o personagem pode estar envolvido, lembrar dos seus valores dentro do filme, tudo isso nos traz sentimentos e sensações únicas.

Posso dar um exemplo pessoal, pois o meu primeiro cachorro recebeu o nome de Wicket, o Ewok que aparece pela primeira vez no Retorno de Jedi. Essa lembrança me desperta bons sentimentos, me faz lembrar da minha infância, do meu pai que me deu o cachorro de presente e de todas as emoções daquele período. Por esse motivo, por exemplo, esse personagem se tornou importante dentro de toda a saga.

Porém, a coleção pode se tornar uma coisa um pouco perigosa para a nossa vida se não ficarmos atento aos limites. Quando perdemos o controle sobre o nosso comportamento e permitimos que algo que deveria ser uma diversão se torne um problema, temos que ficar atentos.

Colecionar faz bem sem olhar a quem!

O universo das coleções é bastante democrático e por isso atrai todos os tipos de pessoas. Classes sociais diferentes, culturas distantes, gostos incomuns e tantas outras características que divergem entre os colecionadores. E acredite, essa é a beleza de tudo isso!
Quando um colecionador se propõe a buscar o contato com outros colecionadores, diversificar sua coleção com novos itens, o contato social é inevitável. Desde um simples e breve contato virtual até mesmo grandes conversas em congressos e encontros temáticos. Colecionar coloca pessoas em contato e pode ser de grande ajuda para as tímidas ou que possuem alguma limitação nesse tipo de contato. Ao vivenciar um novo mundo, onde sua coleção é valorizada, seu universo é compreendido e admirado, é possível experimentar emoções que dificilmente seriam sentidas em outro contexto.

Às vezes ouvimos que alguns comportamentos são específicos de nerds e que esses são estranhos. Gostar de um tema que não é compreendido pela maioria das pessoas, colecionar objetos que para outros tem pouco valor emocional, vestir um tipo de roupa que pode soar estranho para alguns pode ser, e muitas vezes é, exatamente o que dá liga ao grupo social ao qual aquele colecionador, fã ou cosplayer pertence. Ou seja, colecionar e se dedicar a algo do gênero pode ter uma grande função social e de saúde mental.



“Come to the Dark Side”

O colecionismo pode ser algo extremamente prejudicial quando projetamos nos objetos toda a nossa vivência e emoção. Pense da seguinte forma “Se um item deixar de fazer parte da sua coleção, você ficaria triste. Certo? Mas como isso afetaria realmente a sua vida?”. Existem pessoas que ao perderem um item da coleção, perdem o controle das emoções, como se lhes fossem tiradas algumas lembranças extremamente importantes. Existem casos de desequilíbrio emocional grave, causando surtos, depressão e não raro, o rompimento de grupos familiares.

Alguns sinais que podem nos alertar ao colecionismo patológico:

- Desenvolver rituais de arrumação que não podem ser alterados;

- Abrir mão de relações sociais em função da coleção;

- Dar preferência a objetos do que qualidade de vida e bem estar pessoal e de terceiros;

- Ter desequilíbrios emocionais drásticos (crises de choro, raiva, etc) quando algo foge do seu controle.


No fim das contas...

De forma geral, a coleção pode ser algo extremamente importante para o desenvolvimento social, cultural, intelectual, lúdico e um grande passatempo. Nós, fãs e colecionadores de Star Wars, sabemos o tamanho do nossa paixão pela saga, ficando entusiasmados com as novidades e tristes demais com as perdas. O que irá separar nossa paixão do Lado Sombrio das Coleções é o bom senso, a auto-observação, o limite e bom senso.

Podemos ser um com a Força através das nossas coleções, mas nunca deixar sucumbir pelo fanatismo e extremismos prejudiciais.


Que a Força esteja com a gente!


By André Correia

Psicólogo clínico e fã de Star Wars
andrecorreiapsi@hotmail.com 
11 9 6432-6305 - whatsapp

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